Uma das vertentes que muito nos leva a escolher os locais que visitamos é a história e a arte, conhecer a história e seguir o rasto da arte é um bom motivo para conhecer os locais. Roma, é sem dúvida, um dos destinos com mais para dar nestas duas vertentes.
Uma das figuras que admiramos é Gian Lorenzo Bernini (ou simplesmente Bernini), um artista do barroco italiano que se revelou um génio da escultura. Na nossa opinião, nenhum outro artista deixou uma marca tão forte em Roma.
Para conhecermos a sua obra e simultaneamente fazermos uma visita por Roma sugerimos o percurso que se segue.
Baldaquino (basílica de São Pedro)
Começamos no Vaticano (ponto mais à esquerda no mapa), mais precisamente na basílica de São Pedro, onde Bernini criou o magnífico Baldaquino que tão harmoniosamente preenche o vazio por baixo da grandiosa cúpula de Michelangelo.
A primeira obra de Bernini na basílica de São Pedro é impressionante quer pelo tamanho quer pela beleza. Sobre o túmulo de São Pedro, com cerca de 30 metros de altura, em bronze, quatro colunas torcidas suportam o baldaquino encomendado pelo papa Urbano VIII (Barberini).
Colunata (praça de São Pedro)
Ainda no Vaticano, a colunata é o conjunto de 284 colunas que “abraça” a praça de São Pedro e que suportam uma grande estrutura ao estilo clássico na qual foram colocadas 140 estátuas de santos.
A colunata, com quatro filas de colunas, foi projectada de modo que, vista a partir do centro da elipse (indicado no pavimento por uma pedra circular rodeada por um anel de mármore), pareça ter apenas uma única fila de colunas.
No fundo, ao projectar a colunata, Bernini fez também a praça de São Pedro onde colocou no centro uma fonte.
Anjos (ponte e castelo de Sant’Angelo)
Começamos pelo castelo onde a estátua em bronze que o encima, embora tenha sido esculpida por Pierre van Verschaffelt (escultor flamengo), foi projectada por Bernini.
Na ponte de Sant’Angelo, logo em frente ao castelo, a obra do artista tem muito mais expressão. Catorze estátuas de anjos, encomendadas pelo papa Clemente IX em 1669, que representam a Paixão de Cristo, ornamentam a ponte.
Posteriormente os originais de alguns destes anjos foram levados para a igreja de Sant’Andrea della Fratte (em Roma) tendo ficado na ponte cópias, como é o caso do anjo da coroa de espinhos.
Fontana dei Quattro Fiumi (piazza Navona)
No centro da piazza Navona está a monumental fontana dei Quattro Fiumi, esculpida entre 1648 e 1651 e encomendada pelo papa Inocêncio X. A escultura representa quatro grandes rios, personificados em gigantes, de quatro continentes: o Nilo na África, o Ganges na Ásia, o rio da Prata na América, e o Danúbio na Europa.
Apesar do tamanho, Bernini consegue juntar harmoniosamente o conjunto sólido de pedra e mármore com a leveza das águas que caem.
No topo da fonte/escultura foi colocado o obelisco egípcio Agonal.
Também no lado Sul da praça está a fontana del Moro, ou fonte do Mouro, criada por Giacomo della Porta e posteriormente aperfeiçoada por Bernini que lhe acrescentou o mouro no centro da fonte.
Elefante do obelisco (piazza della Minerva)
Numa das ruas laterais do Panteão, atrás, na piazza della Minerva, encontramos uma escultura de um elefante suportando um obelisco egípcio.
Esta obra, embora esculpida por Ercole Ferrata, foi projectada por Bernini e é um exemplo da habilidade criativa do artista. A representação do elefante não foi escolha do acaso. É um antigo símbolo da inteligência e piedade, e nesta obra representa a personificação das virtudes com que os cristãos podem alcançar a verdadeira sabedoria.
Fonte do Tritão (piazza Barberini)
Na piazza Barberini está a fonte do Tritão (fontana del Tritone), mandada erguer pelo papa Urbano VIII (Barberini) para que ornamentasse o espaço defronte do palácio da sua família (palácio Barberini).
Esta fonte representa o mítico deus Tritão, um dos filhos de Neptuno, ajoelhado, suspenso por quatro golfinhos, enquanto bebe água que jorra de um búzio/concha.
Um pouco mais escondida e menos expressiva, numa das esquinas da praça, está a Fontana delle Api (fonte das Abelhas) também de Bernini.
Escadaria (palácio Barberini)
Como dissemos atrás, próximo da fonte do Tritão fica o palácio Barberini, hoje uma galeria ou museu de arte.
Embora o palácio apenas tenha sido terminado por Bernini tem uma magnífica escadaria criada pelo artista que dá acesso ao andar nobre, a mesma função de outra escadaria criada pelo seu rival Borromini como que numa disputa de talento.
Extase de Santa Teresa (igreja de Santa Maria della Vittoria)
Na igreja de Santa Maria della Vittoria está uma das esculturas que melhor mostra a eloquência do artista: a escultura do extase de Santa Teresa.
Santa Teresa, então freira Teresa D’Avila, teve a visão de um anjo que lhe crava uma seta de ouro no coração, simbolizando este facto o amor e devoção que Santa Teresa tinha por Deus. Este amor é expresso numa convulsão mista de dor e ao mesmo tempo prazer.
Bernini representa este extase na escultura carregando-a, de uma forma única, de drama, emoção e movimento.
Rapto de Proserpina (galleria Borghese)
Do mito romano (ver abaixo), que também é grego, nasceu esta bela escultura. Esta obra está na galleria Borghese, nos jardins da vila Borghese (ponto a norte do mapa). Como na maior parte das suas esculturas também esta mostra o pormenor com que projectava e criava as suas obras-primas.
São notáveis os detalhes, Proserpina a empurrar a cabeça de Plutão enquanto este aperta a pele de Proserpina para tentar imobilizá-la.
Nesta galeria/museu estão também outras obras de Bernini como é o caso da escultura de Apolo e Dafne.
Escadaria helicoidal (basílica de Santa Maria Maior)
Esta escadaria, assim como a Sala dos Papas a partir da qual acedemos às escadas, só estão abertas alguns dias por ano. Tivemos a sorte de poder visitar.
Esta escadaria foi projectada e construída por Bernini quando tinha apenas 23 anos, o que a torna ainda mais especial. Embora à primeira vista, nada salta a atenção, na verdade esta tem características muito especiais do ponto de vista técnico.
No centro da escada não existe eixo onde os degraus se possam apoiar. Para compensar o peso dos degraus Bernini usou duas técnicas: encastrou os degraus nas paredes do edifício e inclinou-os de forma quase imperceptível para a frente fazendo com que o peso do corpo humano fique na ponta do degrau e não no meio.
É isto que a torna tão especial, um artista tão jovem consegue projectar uma obra com pormenores tão peculiares.
Nesta basílica terminamos a nossa visita a Roma e, mais particularmente, à obra de Bernini. Curiosamente é nesta igreja que o seu corpo se encontra sepultado. Foi também numa das ruas laterais da basílica onde Bernini viveu com o seu pai, também escultor, Pietro Bernini.
Nota: Neste texto apenas são descritas as obras que consideramos mais expressivas e que a nós mais nos impressionam, quer pela sua beleza quer, simplesmente, pela sua técnica. Existem muitas outras que podem ser vistas e visitadas em Roma.
Capital: Cidade do Vaticano
Língua: Italiano e latim
Moeda: EUR (Euro)
Fuso hotário: UTC +1
Código telefone: +379
Fronteiras: Itália
Egito | 2024-08-29
Grécia | 2024-05-03
Grécia | 2024-03-20
Visitar ou outro lugar, o importante é ir, porque "viajar é ir"...
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